A FÉ NO CAMINHO
Tenho visto e ouvido muitos relatos de cura nesse momento de Covid-19. Várias pessoas relatando que recuperaram a saúde de alguma forma. Eu convivo com essas experiências no meu cotidiano. Já acompanhei várias pessoas que só passaram pelo terreiro de candomblé e outras que ficaram como filhas e filhos de santo e foram curados de várias maneiras, mas eu costumo dizer que isso depende da nossa fé individual.
Não adianta o pastor orar; o padre rezar; a Ialorixá e o Babalorixá fazerem oferendas e limpezas. Se a pessoa não tiver fé, nada acontece. Eu tenho experiência própria através da espiritualidade. Já fui curada e vi várias pessoas se tornarem sãs. Muitos não ficam sabendo por que não é a prática do candomblé divulgar depoimentos ou colocá-los em redes sociais.
Em um terreiro, encontramos vários tipos de sanidade. Não só para doenças, mas amparo também para a saúde mental, saúde da alma, do amor do coração e para nossas tristezas.
Nesse contexto de pandemia, em que vejo tantos depoimentos de pessoas recuperadas, eu não me surpreendo. Acredito que nesse momento tão difícil para a humanidade só resta ter fé e cada um acreditar no seu sagrado para sobreviver, principalmente aqueles que sofrem com a desigualdade social.
Estes dependem mesmo da fé para se curar e para manter-se vivos.
Mãe Valnizia Bianchi [Salvador, Bahia] é Ialorixá do Terreiro do Cobre e escritora. É autora dos livros Reflexões – Escritas de Mãe Valnizia Bianchi [2019], Resistência e fé [2009], Aprendo ensinando [2011].